O Senhor de Fez e outros

"Era um homem estranho, dessa massa quente da qual os loucos são estraídos e corria as aldeias e o mundo a gritar o seu fim. É o fim do mundo! E as gentes, simples, sem tempo para meditar, acreditavam na profecia pensada por boca mais culta ou mais sensível. E aquele dia era o dia final. O dia em que a lua crescia, magistral, como a última relíquia do cosmos à humanidade mortal. O dia em que aquele astro se aproximava do zénite, do início do fim. As gentes maravilhadas encolhiam-se, desastradas, vencidas por um destino certo, imediato, circunstancial. E ele estava no meio das gentes, a apontar o grau zero da destruição (...)" (pp 57, Homem de Cajado)
Paulo Reis Mourão, O Senhor de Fez e outros
Ambar, 2002